Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
O meu blogue, tal como o meu cérebro, é uma mistura de línguas. Bem vindos!

Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
My blog, just like my brain, is a blend of languages. Welcome!

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Stories of my world #13

It all started in the winter olympics in 2014. It was the women relay 4x10 Km skiing. Sweden was participating and had a good chance to take the gold, but so did Norway, the usual archenemies. Me and Johan were watching it on TV in our living room, in Prague. The third athlete for Sweden was younger and less experienced. She lost a bit too much to the other teams. Fighting the fourth and final part was Charlotte Kalla. She is really good, said Johan, but can she really catch up so much? She started like a warrior and fought like if her life depended on it. She was as focused as anyone can be and slowly took over more and more terrain, catching up to the ones in the front just at the goal line. She crossed the goal first. The whole team got the gold, but she made an impressive performance. She impressed me so much, that from then on I thought about her determination every time I got tired in a race. 

How dare I, compare myself to Charlotte Kalla. She wins gold. I win bananas. And I would get them even if I was the last one crossing the finish line. The truth is we all need someone who inspires us in life and Charlotte Kalla inspires me. Her determination, her kindness, her beautiful smile, and the warrior inside that comes up during the competitions. I started following her career more and to cheer her up like a football team, the only thing I had cheered up before. And it's fun! Of course I also support other swedish athletes but Kalla is my absolute favourite. 

One of her sponsors is also the sponsor for the Gothenburg half marathon and when I went to pick up my bib number on Friday she was there in the expo. There was not so much people and it was easy to meet her. I was so excited that my legs and hands were shaking. My tongue must have been as well, because my Swedish became a rumble of indecipherable words. I tried to tell her how impressed I was by her performance in that relay and how I use that when I run, but I'm not sure she understood. She must have thought I was crazy. However, she did say that it is very good when one turns off the mind and just goes for it. I also took a picture with her, that turned out to be blurred because the lens was dirty. 

Even though I wish I could go back, as a normal human being, not shaking and have a proper conversation with her, I'm still super happy I got to meet my biggest running inspiration and that she wished me good luck for the race. 

No matter what, that day will always be the day I met Charlotte Kalla. 






Tudo começou nos Jogos Olímpicos de Inverno em 2014, na corrida de estafeta feminina 4x10 Km de esqui. A Suécia participava e tinha uma boa chance de ganhar o ouro, tal como a Noruega, os arqui inimigos habituais. Eu e Johan estávamos a ver pela TV, na nossa sala em Praga. A terceira atleta da Suécia a competir era mais jovem e menos experiente e perdeu demasiado terreno para as outras equipas. A competir em quarto e último ia a Charlotte Kalla. Ela é mesmo boa, dizia o Johan, mas será que consegue recuperar tanto? Kalla começou como uma verdadeira guerreira e lutou como se sua vida dependesse disso. Estava com a sua concentração no máximo e lentamente foi ganhando mais e mais terreno, alcançando as que estavam na frente mesmo à boca da meta. Ela cruzou a meta em primeiro. Toda a equipe ganhou o ouro, mas foi o desempenho dela que impressionou tudo e todos. A mim impressionou-me tanto que desde daí que passei a lembrar-me daquela determinação cada vez que fico cansada numa corrida.

Como ouso comparar o meu esforço ao de Charlotte Kalla. Ela ganha ouro. Eu ganho bananas. E eu ganho-as mesmo que seja a última a atravessar a linha de chegada. A verdade é que todos nós precisamos de alguém que nos inspire na vida e a Charlotte Kalla inspira-me, pela sua determinação, delicadeza, o seu sorriso bonito, e a guerreira que vem ao de cima durante as competições. Comecei a seguir a sua carreira e a fazer claque de sofá como se de uma equipe de futebol se tratasse, a única coisa para a qual tinha feito claque até aí. E é divertido! Claro que também apoio outros atletas suecos, mas a Kalla é a minha preferida.

Um dos seus patrocinadores também é o patrocinador da meia maratona de Gotemburgo e quando fui levantar o meu dorsal na sexta-feira ela estava lá na expo. Não havia muita gente e foi fácil ir ao pé dela e conhecê-la. Eu estava tão excitada que tinha as pernas e as mãos a tremer. A língua também devia estar a tremer, porque o meu sueco embrulhou-se todo e saíram umas frases muito estranhas e quase indecifráveis. Tentei explicar-lhe como fiquei impressionada com o seu desempenho naquela estafeta e como uso isso quando eu corro, mas não tenho certeza se ela entendeu. Ela deve ter pensado que eu era doida. Se bem que acabou por dizer que é muito bom quando se consegue desligar a mente e ir com tudo. Também tirei uma foto com ela, que acabou por estar desfocada porque a lente estava suja. 

Apesar de desejar todos os dias poder voltar aquele momento como um ser humano normal, sem tremer, e ter uma conversa adequada com ela, estou super feliz por ter conhecido a minha maior inspiração desportiva e pelo facto de ela me ter desejado boa sorte para a corrida.

Esse será para sempre o dia onde em que eu conheci a Charlotte Kalla.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Adorava saber das vossas voltas. Escrevam!
I would love to hear more about you. Feel free to comment!